Se você buscou meu blog pra saber mais sobre o processo
seletivo de comissários da Emirates, clique nos links a seguir e você verá as postagens de 2010, 2012 e 2013 sobre o Open Day. Agora, se quer saber sobre
minha saga com detalhes, explore os menus de postagens anteriores aqui do lado
direito da página. Seja bem vindo!
Desde que eu botei na minha cabeça que queria ir pra Dubai e
queria trabalhar como comissário de bordo na Emirates, em 2010, acho que o dia
mais esperado de todos foi o dia em que eu iria pegar minhas malas, subir no
avião e voar para outra cidade, em outro país, outro hemisfério, outro
continente e outra cultura. Finalmente
chegou o momento de atravessar meio mundo e ir parar em terras por mim nunca
dantes exploradas.
O dia chegou. A hora é agora. Estou me cagando todo com muito medo de enfrentar todas as mudanças que estão por vir. Tanto
as negativas como as positivas. Mudar é difícil, sabe. Quando alguém te fala:
“abre a janela e dá uma olhada no mundo lindo que esta te esperando”,
provavelmente essa pessoa te fala isso sentada na cadeira confortável de sua
sala de estar. Ninguém te fala direito das adversidades que você irá enfrentar
e quanto isso mudará quem você é e como você vê o mundo. Mas, mudar é bom,
dizem. Será? Espero que sim. Por vezes a gente precisa tomar um pontapé na
bunda pra andar pra frente, e o meu foi uma frase idiotinha que eu vi no
facebook de alguém, mas, virou meu lema de motivação nesse momento: “Tá com
medo? Vai com medo mesmo!”. É isso! Vou fazer o que?
No dia do meu embarque foi uma correria só. Meu amigo Caio
foi pra casa, pois levaria a mim e minha mãe ao aeroporto e passamos todos a
tarde em casa. Depois tentei ir numa
casa de câmbio <’((( --< trocar uns dólares pra levar mas o trânsito em
Itaquera tava dureza, e resolvi voltar. Minha mãe estava uma pilha! Minha irmã
mais velha, que também estava em casa, também estava ansiosa e as 18h00 elas já
começaram a me apressar e falar que íamos chegar atrasados no aeroporto.
Detalhe, o voo pra Dubai só decolaria as 01h25 da manhã do dia seguinte e eu
moro a meia hora do aeroporto de Guarulhos. Tomei banho voando, conferi mais
uma vez o peso das malas, comi um lanche, comi bolo do “Seu Osvaldo” – uma
doceria da zona sul de São Paulo que tem um bolo de profiteroles que é uma
loucura - e partimos. Que apertinho no
coração ter que dizer tchau pro meu quarto, pra minha cama, pros meus
aviõezinhos, meus CDs, meus DVDs, minhas partituras, meu sapato de sapateado (Ah,
chorei só de lembrar)... mas, nesse momento ainda estava mais ansioso do que
triste.
Chegamos ao aeroporto as 20h00. Apenas com CINCO HORAS de
antecedência ao horário do voo! Podia fazer um bate-e-volta pro Rio de Janeiro,
que dava tempo. Esse povo desesperado da minha família, viu, vou te contar! Optamos
por jantar pelo aeroporto, já que minha próxima refeição só seria lá pelas 3h00
da manhã, e fomos à Pizza Hut – com o
patrocínio do meu rico futuro agregado cunhado, o João. E
esperamos, esperamos e esperamos mais um pouco.
(Da esquerda pra direita: Aline, minha irmã, minha mãe,
minha outra irmã, atrás dela meu cunhado, eu, o Caio e a Casy. Faltou o Paulo,
irmãozinho, que estava trabalhando no dia)
Minha amiga Aline, que fez o curso de comissária de bordo
comigo também apareceu pra dar um tchau. Acho que “se despedir” não é o termo
mais apropriado porque, enfim, verei todo mundo muito em breve. Depois da
sobremesa, buscamos minhas malas no carro e fui despachá-las, pois já tinha
feito o check-in pela internet. Nessa hora, uma surpresinha: excesso de peso! A
birosca da mala tava uma com 35Kg e outra com 34Kg. Daí começou a feira...
aquela pobreza... abri a mala no meio do aeroporto e fiquei choramingando
porque não sabia o que tirar da mala. Sobrou pra um sapato velho, umas
camisetas, o pijama de frio e duas blusas. Minha irmã do meio falando: “ai,
tira essas regatas da mala. Regata é brega”, minha mãe perguntando porque eu ia
levar tantos livros, e de repente, minha irmã mais velha pronunciou o
impronunciável: “tira o paninho”.
Paninho é um pano (ai, que óbvio), tipo aquela flanela que o
Linus da turma do Charlie Brown usa pra dormir, que tem meu cheirinho e, em
casa, eu durmo fazendo carinho nisso desde sempre. Sim, eu sei que sou um
adulto e supostamente deveria ter me desapegado desses elementos da infância,
mas, meu cu eu gosto do paninho e tô cagando não estou
preocupado com opiniões alheias. Porém, minha linda família começou a gritar no
meio do aeroporto: “paninho, paninho, paninho”. O que eu faço com essas
pessoas? Vou matar? Não vou! Vou educar! Eu os fulminei com meu olhar de ira, e
eles pararam. Nada como um pouco de pedagogia. E, sim, o paninho veio comigo
pra Dubai – foi umas das melhores coisas que eu trouxe; nada como um pouco de
segurança emocional.
A moça do check-in, super boa gente, ainda deixou que eu
embarcasse com 32,5Kg numa das malas, porque eu expliquei que tava de mudança.
E lá fui eu com duas malas de 32Kg cada, 11 Kg na mochila e mais uma sacola com
12Kg de livros. Total de 86,5Kg. A mochila eles não pesaram, porque em termos
de volume, era pequena (trouxe alguns DVDs e meu laptop, que é pesado); e
quanto a sacola de livros, também era pequena e eu nem falei nada sobre ela... fiz
o desentendido e levei comigo.
(Detalhe na sacola de livros)
E lá fui eu. Abracei todos eles. Beijei todos eles. Abracei
todos eles de novo. Beijei todos eles de novo. E tudo isso sem chorar! Só
segurando a marimba. Daí abracei todo mundo mais uma vez... não queria soltar
minha mãezinha ... e fui. Com medo, mas fui. Entrei no portão de embarque
sorrindo e assim que virei às costas pra todos eu comecei a chorar loucamente como
se não houvesse amanhã. Quando fiz a volta na fila do portão de embarque eles
ainda estavam lá e me viram chorar. Daí, parte de mim naufragou. Morri um
pouquinho por dentro. Raramente alguém me verá chorando, mas nessa hora eu
chorava tanto que a moça da alfândega perguntou se eu estava bem. Depois o
pessoal do raio X perguntou se eu estava bem porque, sério, eu soluçava. Depois
um pessoal da segurança perguntou se eu estava bem... daí eu parei, porque
percebi que já tava começando a fazer como a Maria do Bairro drama. Não
tenho vergonha de admitir que choro e que foi um dos momentos mais
desesperadores da minha vida – depois da morte do meu pai. Acho que esse foi o
momento em que a realidade bateu na minha porta. Esse seria um grande passo e
eu ainda estou incerto se minhas perninhas conseguirão ir tão longe. Sair de
casa para o mundo é diferente de sair de casa para um lugar só seu, mas na
mesma cidade ou país.
Fui para o portão de embarque onde encontrei a Thaís, uma
garota de São Paulo também com a qual estava mantendo contato, já que sabia que
ela embarcaria no mesmo dia que eu, e ela também estava com cara de choro.
Conversamos, conversamos mais e mais um pouco até a hora do voo. E lá fui eu.
Com medo, mas fui. Entreguei meu cartão de embarque e entrei no avião e tudo o
que aconteceu antes disso ficou no passado. Não esquecido, mas, em outro lugar,
que não é mais o presente. E o futuro... é algo que ainda está por vir. Nada
escrito, nem nada definido. Tudo poderá ser ou não. Espero que tudo seja.
E isso aí, agora, vamos voar!
Na próxima postagem eu vou colocar detalhes do voo e da
minha chegada a Dubai. Volte logo pra ver!
Lindo o teu relato. Fez-me lembrar quando deixei minha família e amigos para minha aventura no exterior. Vai dar tudo certo. Felicidades e sucesso. Escreva logo. Um abração. Charlie
ResponderExcluirValeu Charlie! Espero que de tudo certo mesmo! = )
ExcluirCaio
ResponderExcluirO amigo Caio deseja mais dólares. Obrigado *como Chacha di gregorio* kkkkkkkkk
Vai lavar um tapete muleke! kkkk
ExcluirAdoro seu humorrr !!! ;-) sucesssooo aeee !!
ResponderExcluirBruno alves
Valeu Bruno. Foi você quem me adicionou no face outro dia?
ExcluirOi Roberto, no dia do meu OD (não passei no AD, enfim...) vc estava lá, super feliz que tinha passado, fico feliz que tenha embarcado e esteja gostando... Torço pra que dê tudo certo pra você!!! Enquanto isso vou te acompanhando por aqui... Boa sorte!!!
ResponderExcluirDúvida: Se a pessoa não é de São Paulo, não mora em São Paulo. Eles pagam a passagem da cidade onde a pessoa mora até São Paulo, pra dai partir para Dubai? Porque senão é impossível em voo nacional levar duas malas de 32kg lol, haja dinheiro pra excesso só pra chegar até São Paulo!
ResponderExcluirNathiane,
ExcluirEles só pagam a passagem a partir de outras cidades que não Rio ou São Paulo quando é a viagem de IDA pra Dubai. Depois, nas suas férias, você é quem paga! Mas, não se preocupa não chuchu, porque o salário é bom! Dá pra despachar um contêiner sorrindo = )
Faz um bom tempo que nao leio blogs ..mas desde que decidi me preparar pra Emirates achei o seu ...me identifiquei muito pelo humor limpo que faz a gente desapegar dos erros ..e ser feliz assim mesmo! ...mas tb chorei pq ha quase 1 ano atras eu deixei minha terrinha Guarulhos ...tb morava pertin pertin do aeroporto... e os avioes despertaram um sonho em mim de ser piloto haha mesmo sendo mulher afeminada haha ....qndo vc postou a foto da sua despedida eu me vi inteirinha ali... qndo passei pelo portao de embarque nao sabia o que estava sentindo...mas qndo minha amiga do lado comecou a chorar e eu na tentativa de consola-la cai no choro junto haha ...suas historias me faz lembrar de mim, meus tropecos e continuar a nadar como diz no procurando nemo haha ... vim parar em NY por causa dos meus sonhos que sao grdes e me fazem fazer grdes loucuras (me fazem fazer) rs ...o mundo e' tao nosso ! e as pessoas nao sabem disso! podemos estar aonde desejarmos se nunca deixarmos os sonhos serem insignificantes. um abraco....sim eu falo e escrevo demais ! haha By Bia Fby
ResponderExcluirAdoro seu Blog!!! Já li várias vezes tudo Rsrs tem sido uma inspiração total.
ResponderExcluirPor coincidência, estudo na mesma escola que fez seu curso...tenho amado e tenho tido cada vez mais certeza do caminho que quero seguir.
Infelizmente ainda não passei no OD, mas foi só o primeiro ainda vou continuar...boa sorte aí em Dubai e pede pra Alah dar um help pra eu passar nas entrevistas aqui do Brasil rsrs?! Obrigadooo :D
Rafael Rocha