sábado, 21 de julho de 2012

ENQUANTO ISSO, NA ALA PSIQUIÁTRICA...


Nossa,

Fiquei impressionado de como tem gente seguindo esse meu bloguinho (ou blogzinho) feliz! Muitas pessoas vem me perguntar coisas no facebook; algumas pessoas me reconheceram no meu trabalho e eu até fui vitima de tietagem na rua, dá pra acreditar? Fenomenal! Tô curtindo...

E a maior parte das pessoas me pergunta se obtive alguma resposta. A resposta é não! Nada! Nula! Niente! لا شيء ! Niks! Nothing! Nichts! Tidak ada! Tô sabendo hoje o mesmo que sabia no post passado. Aliás, acho até que tô por dentro de mais algumas coisinhas, mas, nada demais. Tipo, ouvi algumas reclamações de uns comissários que tão insatisfeitos com a empresa, mas, francamente, nem me abalo. Gente insatisfeita tem de monte e uma coisa que a Emirates não faz é esconder o jogo. A gente sabe pela Emirates mesmo  como será quando chegarmos lá e, se não for ainda melhor, pior é que não vai ser. Umas reclamações sobre férias e coisas do tipo... mas, convenhamos, em que empresa você tem 30 DIAS de férias no ano e pode escolher e dividir esses 30 dias como você preferir!? Tipo, pode ter 15 "férias" de 2 dias, 10 de 3 dias, uma de 15 outra de 5, outra de 8 e outra de 2 dias... quer dizer, você configura suas férias como quiser - de acordo com as disponibilidades da empresa também, claro. Anyway...

No mês passado, junho, as ultimas meninas que tinham feito processo seletivo comigo e com a galera que ainda está em hold embarcaram pra Dubai. Todas estão amando e eu estou babando nas fotos que elas tem postado, morrendo de vontade de me juntar a todos eles lá também. As meninas que faziam parte do grupo criado pela FlyRight no facebook, com os candidatos em modo de espera, foram chamadas nessa semana. Fiquei muito feliz por elas... são umas uruguaias super simpáticas.Mas, enquanto isso não acontece, tô tendo muita coisa que fazer por aqui. E, sobre "o chamado" dos meninos, até agora, nada!

(Aguardando pelo CHAMADO da EK)

Desde maio estou trabalhando em um hotel: O Howard Johnson Inn - Faria Lima. O hotel é bem bacaninha, e é interessante lidar diretamente com clientes. Tem uns que são muito gente boa, mas, tem uns também que são o ó do borogodó. Quer uma dica: nunca trate o recepcionista de um hotel mal. Ele tem poderes! kkk ... Ele tem o poder de escolher um quarto bom ou ruim pros hóspedes, de dar cama de casal ou de solteiro (não preciso nem dizer qual é mais confortável), bloquear telefone, internet e coisas do tipo. Então, seja legal e ninguém se machuca tudo fica bem! Não acho que queira essa profissão pelo resto da minha vida, mas tô me divertindo com as pessoas daqui. Fora isso, fico em contato direto com hóspedes estrangeiros. Estou tendo que forçar bem meu espanhol... praticamente parindo a língua!

E tô treinando meu inglês também com vários sotaques e descobrindo como vai ser difícil entender certos falantes. Impressionante como algum nativos tem uns sotaques loucos e barely compreensíveis (tipo, Sul Africanos, Escoceses e alguns britânicos). Os sotaques mais fáceis de entender são daquele povo que não tem o inglês como língua materna, tipo, os indianos, africanos em geral (tirando os "sul"), latinos em geral e os árabes. Fiquei amigo de um Iraniano, o Sr. Mohamed, que me deu uma caixa de malban, um docê àrabe feito com pistache, em recompensa por ter dado pra ele uma paçoquinha da festa de São João que teve no hotel. Ele disse que foi por gratidão ao acolhimento e receptividade que os brasileiros tiveram por ele. Também fiz contatos com uma indiana muito simpática, que veio acompanhada do sobrinho ao Brasil porque ele estava participando de um simpósio de biologia. Eles moram em Nova Delhi e me ofereceram hospitalidade caso queira ir pra lá um dia. EU VOU MESMO! kkk

Fora isso, agora em junho tive as apresentações do musical que estava ensaiando desde novembro do ano passado: Canção do Coração - Brooklyn (O Musical). Uma peça que significou muito pra mim e me ensinou muitas coisas, nem todas elas coisas "boas" sobre as pessoas, mas, valeu a pena.

(Eu sou esse do meio, do cabelo rastafári)


De resto, tudo continua quase que na mesma: esperar, esperar e esperar. Mas, como dizia o grande escritor Herman Hesse: "Tudo que um brâmane precisa saber é jejuar, meditar e esperar".

É isso aí, vamos (continuar esperando) e voar...

sábado, 7 de julho de 2012

FAZER OU NÃO O CURSO DE COMISSÁRIO NO BRASIL?

Se você procura informações sobre o "Open day da Emirates", clique AQUI
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Se você não procura por nada, encontre-se!

Meses atrás eu fiz a prova da ANAC pra comissário de bordo, depois de ter terminado o curso que fiz entre outubro e fevereiro. Mesmo sabendo que não é necessário ter feito o curso anteriormente pra se tornar comissário na Emirates eu resolvi fazê-lo, pra ter certeza se era isso mesmo que queria pra minha vida. Naquelas... todos estavam falando que o mais difícil era a avaliação da ANAC e tal, mas, depois de tê-la feito eu percebi que o mais difícil é realmente esperar que tudo aconteça. Eu terminei o curso em janeiro deste ano (2012) e fiz a sobrevivência na selva no dia 4 de fevereiro que, por sinal, foi a véspera do dia do meu derradeiro Open Day, do dia 5 de fevereiro. Aliás, chamar aquele passeio no sítio de "sobrevivência na selva" é muita bondade minha. Enfim, daí só consegui marcar minha prova pra maio, porque a escola demorou uma vida pra informar meu nome pra ANAC e a ANAC demorou outro tanto pra disponibilizar a data pra minha avaliação. Agora, pelo menos, eu também posso ser comissário aqui no Brasil, isso é, se empresa do rabo vermelhinho quiser voltar a contratar comissários, coisa que ela não faz desde o ano passado, nééé?


(Aprovado na ANAC)

Algumas pessoas me perguntaram se vale a pena fazer o curso de comissário aqui no Brasil, mesmo sem ser pré-requisito da Emirates. Eu, como nerd que sou, acho que vale a pena estudar qualquer coisa nessa vida, pois uma hora a gente acha utilidade pra o que aprendeu. O curso me ajudou muito a amadurecer e até mesmo mudar minha mentalidade quanto a "o que é" ser comissário de bordo e "o que faz" um comissário de bordo. Muito se engana quem acha que comissário é o bandejeiro bonito ou bonita que agarra a silver tray e sai distribuindo barrinha de cereal pros passageiros. Tá, eu ei de convir que, dependendo da cor do "rabinho" do avião e da companhia em que você trabalhar, pode ser isso mesmo, mas, ser comissário não é só ser um manequim educado, bem vestido, cheiroso e arrumadinho que sorri e acena na porta do avião e serve os amendoins, a água, guaraná, guaraná light, coca, coca zero e suco del vale mais sabores pêssego e laranja. O comissário faz mais do que a parte de "hospitalidade" de um voo. Ele é o principal responsável pela segurança e organização da cabine e dos passageiroso. Claro que tem glamour em arrastar sua bela malinha pelo saguão do aeroporto, enquanto todos pensam que você está rico(a) e indo pra mais um belo destino em algum lugar do mundo ... mas, tem a parte não-glamourosa da coisa, que envolve servir uns passageiros chatos exigentes e segurar a cabeça da criança desacompanhada, que viajam sob sua responsabilidade, enquanto ela tá enjoada e vomitando mais que a menina do exorcista dentro daquela minúscula tupperware, também conhecida como "o banheiro do avião".

Já pensou que a responsabilidade de centenas de vidas pode estar na sua mão? Uma porta mal fechada pode derrubar um avião. Sério! Um comissário mal treinado pode matar todo mundo durante uma evacuação ou durante uma emergência a bordo. Imagine você servir uma refeição no voo com um ingrediente que você não conhece, o passageiro pode ter um ataque alérgico ... daí, se você não souber como proceder, essa pessoa pode morrer. Imagine um passageiro que entra em pânico durante um voo e contagia outras pessoas, que bagunça que não viraria um voo assim se não houvesse um comissário de bordo pra tranquilizar, informar e calar a boca esses "queridos" passageiros.


Aliás, já parou pra pensar que toda decolagem e pouco são emergências em potencial? Pode haver alguma pane, algum problema, alguma corrente de vendo que desestabilize o avião, alguma adversidade... alguma EXPLOSÃO... e se você não estiver disposto e preparado pra lidar com essas situações muitas vidas podem se perder, incluindo a sua e a dos seus colegas de trabalho. Fora que, ser comissário de bordo é viver no perigo... literalmente... porque a gente trabalha no MEIO DE DOIS TANQUES GIGANTES DE COMBUSTÍVEL ALTAMENTE INFLAMÁVEL! Ou seja, se você for realmente louco pra topar todas essas situações, pelo menos tem de ser um louco responsável pra realizar seu trabalho da melhor maneira possível. E essa mentalidade diferente sobre os comissários de bordo serem mais do que "garçons voadores", eu acho que obtive depois de fazer o curso de comissário. O conteúdo do curso, na escola onde fiz, foi o seguinte:

» Maquiagem
» Psicologia aplicada ao atendimento ao público
» Sistema de Aviação Civil 
» Regulamentação da Aviação Civil 
» Regulamentação da Profissão de Aeronauta 
» Segurança de Vôo
» Conhecimentos Básicos sobre Aeronaves 
» Navegação Aérea 
» Meteorologia 
» Aspectos Fisiológicos da Atividade do Comissário de Vôo 
» Primeiros Socorros na Aviação Civil 
» Emergências a Bordo 
» Sobrevivência 
» Fatores Humanos na Aviação Civil » Combate ao Fogo 
» Sobrevivência na Selva e Primeiros Socorros após Acidente Aéreo
» Sobrevivência no Mar 

E, fora isso, também tive a parte da sobrevivência no sítio, onde a gente faz algumas simulações de evacuação de aeronaves, orientação por bussola, montagem de acampamento e obtenção de provimentos, purificação de água, procedimentos para ditching (pouso na água), primeiros socorros após acidente aéreo e combate ao fogo. Como eu não estava, é... digamos... muito "empolgado" com essa parte do curso, como punição, eu acabei carregando a galinha que é abatida, preparada e servida no acampamento no final do dia. Acabou que eu super me diverti com ela, o que deixou as pessoas mais bravas ainda, porque eu bem tava gostando de passear com a "MAGALINHA" (sim, eu dei um nome a ela), mas, a pobrezinha acabou indo pra panela. Panela não porque não tinha esses luxos lá: ela foi esquartejada e assada na fogueira!

Os custos do curso de comissário variam muito, mas, geralmente são em torno disso:
R$200,00 - matricula
R$1500,00 - curso total (eles geralmente dividem esse valor ou dão desconto pro pagamento à vista)
R$100,00 - material didático (poucas são as escolas que ainda cobram por isso)
R$300,00 - curso de sobrevivência no sítio, digo, selva...

E mais...
R$200,00 prova da ANAC
R$250,00 Avaliação médica pra emissão do CCF - certificado de capacidade física
R$400,00 Exames necessário pra emissão do CCF

O total de gastos vai variar entre R$3.000,00 e R$4.000,00, dependendo da escola de aviação, da região onde realizar o curso e das despesas variáveis. Mas, pensando bem, vale a pena pois o salário inicial de um comissário varia entre 3 e 5 mil reais. Qual é a profissão onde você amortiza os gastos com sua formação após 1 ou 2 meses de exercício da função?! É, ou não é ou não é?! É...


(Empurrando o trolley, já pra treinar!)

Já me perguntaram se eu recomendo a escola onde fiz o curso. Eu, de verdade, não "recomendo" nenhuma escola! Não por achar que alguma seja ruim, mas, porque acho que são todas muito parecidas. Eu recomendo sim que a pessoa escolha o curso na escola onde o curso seja mais barato, mais próxima da sua casa e que tenha bons professores - FICAADICA# assista uma aula experimental antes, pra saber se seus professores não são uns poios despreparados! Eu, por exemplo, tinha uma professora que não sabia (até eu contar pra ela) que o cálculo usando períodos de tempo é diferente porque a contagem é hexadecimal...  mas, ok! E, achar que a escola vai te encaminhar pra algum processo seletivo é um pensamento um tanto "despretensioso", já que tem professores e funcionários das escolas que sequer conseguem colocação profissional pra eles mesmos. O QI (quem indica) conta muito nessa hora, mas, não é tudo porque, felizmente, o processo seletivo de comissários de bordo costuma ser bem exigente - devido a vaaaasta oferta de mão de obra. No mais, você terá de estudar muito por conta própria todo conteúdo que cai na prova na ANAC e que não é passado nas escolas de comissários, porque as escolas só passam o conteúdo obrigatório e não se aprofundam muito em nada pra deixar os cursos mais rápidos e, consequentemente, mais baratos. Procure um site como o piloto brasil ou piloto comercial pra fazer muitos simulados das provas e vá atrás da informação.

Terminado o curso e estudados os simulados, eu fui fazer a prova da ANAC. Das 80 questões, eu errei só 5 e consegui gabaritar dois dos quatro blocos da prova. Achei que tive um bom desempenho, mas, repito: isso aconteceu porque eu estudei por conta! Muitos dos meus colegas de turma que só estudaram durante o curso e só o que foi ensinado no curso foram reprovaram em alguns blocos, e teve gente que foi reprovada em tudo. Então, FICAADICA# estudar por conta é a pedida pra ser aprovado (a) na ANAC.

Se vale a pena? Não sei... pra mim valeu. Atualmente estou trabalhando em um hotel, enquanto aguardo a resposta da EK, e acho que o curso me ajudou muito a conseguir este emprego, pois a selecionadora valorizava alguma experiência/ formação em áreas voltadas a hospitalidade, atendimento e serviço ao público. Achei válido também pra aprender coisas novas, ter uma ideia se é isso mesmo que quer fazer pelo resto da vida (ou por parte dela) e pra ter um plano B profissional. Meu desempenho e minhas respostas durante o processo seletivo da Emirates - principalmente na final interview - também melhoraram por eu estar mais inteirado dos assuntos pertinentes a profissão e conhecer melhor as atividades realizadas dentro da aeronave e durante o voo. Sem contar que eu acredito que isso me ajudará muito a ter um melhor desempenho no curso ab-initial da empresa, quando for pra Dubai...

É isso aí,
Agora é só esperar, pra poder voar...