sexta-feira, 23 de agosto de 2013

DAY OF JOINING (DOJ) - ABRE O CAIXÃO QUE EU QUERO ME DESPEDIR DO DEFUNTO


Se você buscou meu blog pra saber mais sobre o processo seletivo de comissários da Emirates, clique nos links a seguir e você verá as postagens de 2010, 2012 e 2013 sobre o Open Day. Agora, se quer saber sobre minha saga com detalhes, explore os menus de postagens anteriores aqui do lado direito da página. Seja bem vindo!

Desde que eu botei na minha cabeça que queria ir pra Dubai e queria trabalhar como comissário de bordo na Emirates, em 2010, acho que o dia mais esperado de todos foi o dia em que eu iria pegar minhas malas, subir no avião e voar para outra cidade, em outro país, outro hemisfério, outro continente e outra cultura.  Finalmente chegou o momento de atravessar meio mundo e ir parar em terras por mim nunca dantes exploradas.

O dia chegou. A hora é agora. Estou me cagando todo com muito medo de enfrentar todas as mudanças que estão por vir. Tanto as negativas como as positivas. Mudar é difícil, sabe. Quando alguém te fala: “abre a janela e dá uma olhada no mundo lindo que esta te esperando”, provavelmente essa pessoa te fala isso sentada na cadeira confortável de sua sala de estar. Ninguém te fala direito das adversidades que você irá enfrentar e quanto isso mudará quem você é e como você vê o mundo. Mas, mudar é bom, dizem. Será? Espero que sim. Por vezes a gente precisa tomar um pontapé na bunda pra andar pra frente, e o meu foi uma frase idiotinha que eu vi no facebook de alguém, mas, virou meu lema de motivação nesse momento: “Tá com medo? Vai com medo mesmo!”. É isso! Vou fazer o que?

No dia do meu embarque foi uma correria só. Meu amigo Caio foi pra casa, pois levaria a mim e minha mãe ao aeroporto e passamos todos a tarde em casa.  Depois tentei ir numa casa de câmbio <’((( --< trocar uns dólares pra levar mas o trânsito em Itaquera tava dureza, e resolvi voltar. Minha mãe estava uma pilha! Minha irmã mais velha, que também estava em casa, também estava ansiosa e as 18h00 elas já começaram a me apressar e falar que íamos chegar atrasados no aeroporto. Detalhe, o voo pra Dubai só decolaria as 01h25 da manhã do dia seguinte e eu moro a meia hora do aeroporto de Guarulhos. Tomei banho voando, conferi mais uma vez o peso das malas, comi um lanche, comi bolo do “Seu Osvaldo” – uma doceria da zona sul de São Paulo que tem um bolo de profiteroles que é uma loucura -  e partimos. Que apertinho no coração ter que dizer tchau pro meu quarto, pra minha cama, pros meus aviõezinhos, meus CDs, meus DVDs, minhas partituras, meu sapato de sapateado (Ah, chorei só de lembrar)... mas, nesse momento ainda estava mais ansioso do que triste.

Chegamos ao aeroporto as 20h00. Apenas com CINCO HORAS de antecedência ao horário do voo! Podia fazer um bate-e-volta pro Rio de Janeiro, que dava tempo. Esse povo desesperado da minha família, viu, vou te contar! Optamos por jantar pelo aeroporto, já que minha próxima refeição só seria lá pelas 3h00 da manhã,  e fomos à Pizza Hut – com o patrocínio do meu rico futuro agregado cunhado, o João. E esperamos, esperamos e esperamos mais um pouco.




(Da esquerda pra direita: Aline, minha irmã, minha mãe, minha outra irmã, atrás dela meu cunhado, eu, o Caio e a Casy. Faltou o Paulo, irmãozinho, que estava trabalhando no dia)


Minha amiga Aline, que fez o curso de comissária de bordo comigo também apareceu pra dar um tchau. Acho que “se despedir” não é o termo mais apropriado porque, enfim, verei todo mundo muito em breve. Depois da sobremesa, buscamos minhas malas no carro e fui despachá-las, pois já tinha feito o check-in pela internet. Nessa hora, uma surpresinha: excesso de peso! A birosca da mala tava uma com 35Kg e outra com 34Kg. Daí começou a feira... aquela pobreza... abri a mala no meio do aeroporto e fiquei choramingando porque não sabia o que tirar da mala. Sobrou pra um sapato velho, umas camisetas, o pijama de frio e duas blusas. Minha irmã do meio falando: “ai, tira essas regatas da mala. Regata é brega”, minha mãe perguntando porque eu ia levar tantos livros, e de repente, minha irmã mais velha pronunciou o impronunciável: “tira o paninho”.




Paninho é um pano (ai, que óbvio), tipo aquela flanela que o Linus da turma do Charlie Brown usa pra dormir, que tem meu cheirinho e, em casa, eu durmo fazendo carinho nisso desde sempre. Sim, eu sei que sou um adulto e supostamente deveria ter me desapegado desses elementos da infância, mas, meu cu eu gosto do paninho e tô cagando não estou preocupado com opiniões alheias. Porém, minha linda família começou a gritar no meio do aeroporto: “paninho, paninho, paninho”. O que eu faço com essas pessoas? Vou matar? Não vou! Vou educar! Eu os fulminei com meu olhar de ira, e eles pararam. Nada como um pouco de pedagogia. E, sim, o paninho veio comigo pra Dubai – foi umas das melhores coisas que eu trouxe; nada como um pouco de segurança emocional.

A moça do check-in, super boa gente, ainda deixou que eu embarcasse com 32,5Kg numa das malas, porque eu expliquei que tava de mudança. E lá fui eu com duas malas de 32Kg cada, 11 Kg na mochila e mais uma sacola com 12Kg de livros. Total de 86,5Kg. A mochila eles não pesaram, porque em termos de volume, era pequena (trouxe alguns DVDs e meu laptop, que é pesado); e quanto a sacola de livros, também era pequena e eu nem falei nada sobre ela... fiz o desentendido e levei comigo.



(Detalhe na sacola de livros)

E lá fui eu. Abracei todos eles. Beijei todos eles. Abracei todos eles de novo. Beijei todos eles de novo. E tudo isso sem chorar! Só segurando a marimba. Daí abracei todo mundo mais uma vez... não queria soltar minha mãezinha ... e fui. Com medo, mas fui. Entrei no portão de embarque sorrindo e assim que virei às costas pra todos eu comecei a chorar loucamente como se não houvesse amanhã. Quando fiz a volta na fila do portão de embarque eles ainda estavam lá e me viram chorar. Daí, parte de mim naufragou. Morri um pouquinho por dentro. Raramente alguém me verá chorando, mas nessa hora eu chorava tanto que a moça da alfândega perguntou se eu estava bem. Depois o pessoal do raio X perguntou se eu estava bem porque, sério, eu soluçava. Depois um pessoal da segurança perguntou se eu estava bem... daí eu parei, porque percebi que já tava começando a fazer como a  Maria do Bairro drama. Não tenho vergonha de admitir que choro e que foi um dos momentos mais desesperadores da minha vida – depois da morte do meu pai. Acho que esse foi o momento em que a realidade bateu na minha porta. Esse seria um grande passo e eu ainda estou incerto se minhas perninhas conseguirão ir tão longe. Sair de casa para o mundo é diferente de sair de casa para um lugar só seu, mas na mesma cidade ou país.

Fui para o portão de embarque onde encontrei a Thaís, uma garota de São Paulo também com a qual estava mantendo contato, já que sabia que ela embarcaria no mesmo dia que eu, e ela também estava com cara de choro. Conversamos, conversamos mais e mais um pouco até a hora do voo. E lá fui eu. Com medo, mas fui. Entreguei meu cartão de embarque e entrei no avião e tudo o que aconteceu antes disso ficou no passado. Não esquecido, mas, em outro lugar, que não é mais o presente. E o futuro... é algo que ainda está por vir. Nada escrito, nem nada definido. Tudo poderá ser ou não. Espero que tudo seja.

E isso aí, agora, vamos voar!

Na próxima postagem eu vou colocar detalhes do voo e da minha chegada a Dubai. Volte logo pra ver!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

PREPARAÇÃO PARA O EMBARQUE - COMO PASSAR UM CAMELO PELO BURACO DE UMA AGULHA


Galera, eu peço desculpas pelos meses que fiquei sem escrever, porque estava com a vida cheia de atividades. Estava atuando no musical Avenida Q, estudando e tentando dar o máximo de atenção aos meus amigos e família antes da pic-despedida que estaria por vir, portanto, esta postagem é retroativa. Já estou em Dubai, mas faz de conta que eu ainda não tinha chegado aqui, tá! Só pra manter o clima de novidade das coisas.


(Faltando 1 dia para meu embarque)

Acho que todo mundo já ouviu aquela expressão: “passar um camelo no buraco de uma agulha”. Bem, meus caros amigos, foi mais ou menos isso que tive que fazer pra arrumar minhas malas. Desde sempre eu tive MUITA roupa e MUITOS pares de sapato. Não estou falando de roupas caras ou grandes marcas, mas, gosto de ter opções e variedade. Fora isso, em maio desse ano eu havia ido para Miami, o grande paraíso das compras, então, estava carregado de novidades e afins.

O grande problema é: como colocar sua vida em apenas duas malas de 32Kg cada? Isto porque brasileiros ainda tem essa vantagem de poder levar duas malas de 32Kg cada – para os outros países o limite de bagagem é de apenas 50Kg ao todo. Comecei fazendo uma lista com todas as coisas que precisaria colocar nas malas e aos poucos fui separando tudo em casa, até que na terça-feira que antecedia meu embarque eu parei e fiquei o dia todo arrumando as malas.

Trouxe um terço do meu guarda-roupas com roupas de frio e de calor, 10 pares de sapato/ tênis, cuecas, meias e um monte de coisas mais. Trouxe, por exemplo, uns 300ml do sabonete líquido de casa, kit de costura, papa bolinhas (pra tirar bolinhas de roupas – porque não tem isso em outros países, a não ser no Japão e na China), meu joystick, entre muitas outras coisas. Muitas coisas eu admito que trouxe de trouxa que sou! Tipo, trouxe caderno, estojo, canetas e afins e isso é vendido em qualquer mercadinho daqui. Kit de costura também vende em todo lugar.

Tem umas coisas que são legais de trazer e eu trouxe de casa, como gel de cabelo (o daqui é fraquinho se comparado ao gel-cola que temos no Brasil), meia social (aqui custa caro) e comidinhas tradicionais: farofa, chocolate granulado e forminhas pra brigadeiro (leite condensado daqui é igual, inclusive dá pra ver no rótulo que ele é feito no Brasil), guaraná, achocolatado em pó (se você gosta de toddy ou nescau), chocolate bis, chinelo havaianas, biscoito traquinas, feijão. E antes de trazer algum produto que você gosta, veja o nome da empresa fabricante, pois a Unilever, por exemplo, tem os mesmo produtos aqui também. Estou lavando minhas roupinhas com sabão OMO e amaciante Confort - também tem dawny, uso sabonete lux, meu shampoo é elseve (tem seda também, mas tem outro nome), escovo os dentes com colgate, meu desodorante é dove, meu creme de barbear e lâminas são da gillete, e por aí vai. Sim, aqui tem leite normal, sucos, cereal matinal, arroz, camisinhas (eu achei que não iria ter por ser um país muçulmano), molho de tomate pronto, macarrão, manteiga, pão, queijo, enfim, tudo o que a gente consome normalmente. O setor de hortifruti é meio caro, tipo, 19 dirhams um kilo de tomate (isso dá uns R$11,00), mas, todos os tomates são perfeitos – nem precisa escolher – e é preciso lembrar que estamos no deserto. Dubai é uma cidade bem cosmopolita, então, acaba tendo tudo de todo lugar e os mercados são iguais aos carrefours ou walmarts que temos perto de casa. Não falta nada!

Uma lista básica do que trazer seria:
- Roupas de frio: blusas, camisetas, calças, cachecóis, luvas, meias quentes, gorros, tocas...
-Roupas de calor: bermudas, camisetas, regatas, saias (para as mulheres)...
- Sapatos para frio e calor
- Roupas de banho (sunga, bermuda, biquíni)
- Documentos, passaporte e visto.
- Comidas tradicionais
- Produtos de higiene pessoal e medicamentos
- Perfumes/ óculos/ cremes/ acessórios em geral.
- Equipamentos eletrônicos (câmera, laptop, celular – aliás, certifique-se de que seu celular seja desbloqueado antes de chegar aqui).
Depois vem a parte de brincar de quebra-cabeças pra colocar todas essas coisas juntas dentro das malas. Foi um super exercício de organização espacial. Usando uma balança portátil eu fui pesando as malas até elas atingirem os limites de peso que eu poderia carregar. Uma loucura! Trouxe tanta mas tanta coisa... que agora fico olhando e me perguntando, pra que tanto, José? Pra que você trouxe tanta coisa pro deserto? Seu louco...

Mas, tá tudo bem. Meu maior conselho, nesse sentido, é: na dúvida, não traga. Você encontrará tudo o que precisa e o que não precisa para viver em Dubai, por preços geralmente acessíveis.

Por fim, tem a expectativa de saber logo onde vai morar e receber as primeiras planilhas de programação das coisas. No portal de candidatos pré-selecionados há um campo de “travel arrangements”, onde UM DIA vai aparecer a mensagem do local onde você vai morar e quem vai te transportar pra lá. No meu, o local onde eu moraria só apareceu 3 dias antes do meu embarque, ainda a tempo de evitar que eu morresse de curiosidade. Mas, onde morarei (estou morando) e como as coisas estão por aqui são cenas dos próximos capítulos dessa minha pequena saga pelo mundo.


(Você sabe onde eu vou morar? Nem eu ...)


Espero te ver mais vezes por aqui.
É isso aí. Malas prontas, só esperar pra voar!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

EXAMES MÉDICOS


Caros leitores: já estou em Dubai! Portanto, façam de conta que essa é uma postagem que fala sobre minha fase pré-embarque, tá!? Então tá! Somos indicados a fazer uma grande quantidade de exames médicos antes de embarcar, como: audiometria, exames de sangue, raio X do tórax, as mulheres tem que fazer papanicolau, temos que levar radiografia panorâmica dos dentes e o escambau. E nós, por indicação, temos de trazer todos estes exames conosco.

Eu fiquei numa dúvida cruel sobre o que levar de exames médicos e preocupado se eu iria gastar muito dinheiro pra fazer tudo. Marquei e desmarquei exames na Samplemed (que faz os exames em São Paulo/ capital) umas três vezes. Atormentei um monte de amigos que já estão aqui com minhas perguntas e tudo que ouvia sempre era “relaxa que tudo é mais fácil que parece”.

Agora que estou aqui vejo que tudo é AINDA MAIS FACIL do que eu pensei que seria. De verdade, não precisa sofrer por nada. Os exames serão todos feitos em Dubai. As coisas acontecem da seguinte maneira: quando você começa a semana de apresentação à Emirates e ao plano de treinamento, no primeiro dia eles lhe darão um envelope marrom onde você deve colocar todos os formulários médicos que nós mesmos preenchemos e fizemos upload no portal de candidatos pré-selecionados; colocamos também uma cópia da carteira de vacinação e o formulário que nosso dentista no país natal tem que preencher e carimbar. Esse envelope vai pra clínica da Emirates e se transforma no seu “histórico médico”. Depois, há no mínimo dois dias em que somos levados ao prédio da Emirates onde eles têm uma clínica própria e lá fazem todos os exames. Na verdade, quase todos eles, pois as meninas precisam agendar o papanicolau ou trazer do Brasil mesmo.


Traga:
a)      Employee Pre-employment declaration of health form (Category C)
b)      Appedix 1 – Summary of medical Standards
c)       Appendix 2 – Medical History
d)      Additional Medical documents – atestados e certificados de cirurgias e outras doenças.
e)      Appendix 3 – Vaccination certificate + certificado internacional de vacinação de febre amarela (no Brasil isso é emitido de graça pela ANVISA, nos aeroportos).
f)       Appendix 4 – Certificate of dental health
g)      Para as meninas, o exame papanicolau.
h)      Se puder trazer a radiografia panorâmica dos dentes, traga. Provavelmente não será usada, mas, não é nada muito caro e é meio difícil de achar dentista por aqui.


No segundo dia de apresentação nós vamos ao HQEK (Head Quarter da Emirates – quartel general), somos divididos em grupos e vamos para um setor fazer uma coleta de sangue que é para o governo saber se trouxemos alguma doença contagiosa ou AIDS para o país deles. Depois, no mesmo lugar, também pro governo, fazemos um raio-X do tórax. No dia seguinte, vamos para o andar B1 do mesmo prédio, onde fica a clínica, preenchemos um cadastro e fazemos uma coleta de urina, outra coleta de sangue (essa pra empresa) e uma consulta direta com um médico que também fará exame de vista, nos pesará, medirá altura, irá aferir a pressão sanguínea e perguntar tudo sobre nosso histórico médico. Se você precisar tomar alguma vacina você toma na sala do médico, na hora mesmo, e o valor da vacina é deduzido do seu salário. É isso. Só isso. Acreditem, é tudo muito fácil, simples e extremamente organizado. Eu havia trazido minha radiografia panorâmica dos dentes também, no caso deles pedirem, mas, até agora não falaram nada.


Claro que, se você nunca passou por um check up na vida ou se passou há muitos anos atrás, vale a pena fazer os exames e trazê-los com você, só pra ter certeza de que estará tudo bem quando você chegar em Dubai e não terá nenhuma surpresa desagradável. Ex-comissários de bordo ou aqueles que possuem certificado de capacidade física podem ficar mais tranquilos também, porque os pré-requisitos no Brasil pra ser comissário, em termos de saúde, são ainda mais rígidos do que aqui. Se você passou por cirurgias, tem próteses de silicone ou alguma peculiaridade com relação à sua saúde, não se esqueça de trazer os atestados e documentação médica referente a isso traduzida para inglês – não precisa ser tradução juramentada.  Caso contrário, NÃO PRECISA FAZER OS EXAMES NO PAÍS NATAL, exceto o papanicolau para as meninas.

É isso...
Só falta um pouquinho pra voar!!!